Uma discussão começa silenciosa e vai tomando proporções maiores. Preferi, só por esta vez, me manter calada. O dia e o clima estavam bons demais para serem estragados por polêmicas clichês. Olho para as montanhas novamente e vejo a sombras das nuvens se projetando e manchando o verde mesclado. Não consegui me conter e me manifestei. É incrível como a estupidez de um argumento falho me faz acordar de meus devaneios. Recebo um elogio por minha colocação e retribuo com um sorriso tímido. Algumas piadinhas quebram a tensão, e mais risadas aparecem, mas dessa vez a minha não nasceu. Um pensamento me faz suspirar. É ruim saber que querer nem sempre é o bastante. Alguém fala comigo e eu concordo mecanicamente sem nem ao menos ter escutado. Isso sempre me acontece, e depois de alguns segundos eu me dou conta de que não faço idéia do que falaram. Ao mesmo tempo em que observo tudo e todos, respondo uma pergunta solta que provavelmente outra pessoa iria responder, mas que tive de responder, apenas por orgulho. Um olhar se encontra com o meu, olhar que por tempos desejei, mas que hoje não passa de algo insignificante. Esse mesmo olhar continua buscando o meu, e o meu se recusa a encontrá-lo. Se fossem outros tempos a situação seria contrária, mas hoje tudo que quero é encontrar um par de olhos distantes e que eu nunca olhei. Um sorriso aparece em meus lábios, e um pensamento vem junto: “Quem sabe um dia?”. Zombo do olhar que me busca e imagino o olhar que quem sabe um dia encontrarei
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