quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Somente eles...

Acho que não sou capaz de me organizar em pensamentos.
Eles são sempre tão confusos e diferentes. Escrevo sobre algo e já me vejo puxando outra coisa.
Às vezes eu tento justificar essa arritmia para mim mesmo. Os pensamentos são fluidos pulsantes e contínuos. Pulsos que fluem em um só sentido, na mesma direção e com a mesma velocidade. Você provavelmente conseguirá acompanhá-los por um tempo, e conseguirá fazê-los pararem no mesmo lugar, mas logo ele vai escapulir, assim como nadam os polvos.
Eles são ditadores, reis e imperadores da mesma coisa. Fluem pela sua cabeça devastando qualquer vestígio de escapatória. Não há como fugir deles. Eles são importantes, únicos e infalíveis. Não se pára de pensar. Talvez nem após a morte, quem saberá? Não se poder deter o fluxo. O máximo que se pode fazer é submetê-los ao mesmo rio, ao mesmo assunto. Pensar sobre a mesma coisa.
É isso que faz da dor, um vírus de multiplicação extra-veloz. A capacidade de fundir os pensamentos na mesma coisa.
O que há além dos pensamentos?
Nada.

Falta

O que é a saudade?
Simples, uma emoção, que te remete a sentir falta de algo que você já não tem mais.
Isso responde a pergunta.
Mas não responde as perguntas.
Sentir falta e sentir saudade é a mesma coisa?
Eu sinto sua falta. Eu sinto saudades de você.
Você provoca isso em mim. Eu sinto isso de você.
Não importa. Mas não diga que não importa mais. Sempre será importante para mim. Não me acostumei com seus adeuses repetidos, mas quero sempre saber que você está de volta. Não seria tão mais fácil se você pudesse voltar sem ter ido?
Saudade de uma coisa assim. Saudades do que me fazia feliz cada dia após o outro. Éramos só nós dois. Não tinha mais ninguém. Se tinha, não importava tanto. Agora, de uma noite ao dia seguinte, somos três. Somos cinco. Somos Sete. Somos todos eles e elas.
Alguém terá de sair.
Espero que não precisemos sentir falta destes.