sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Rascunhos

Parágrafos desconexos, confie.

É inútil tentar lutar contra essas memórias.
Também é inútil tentar organizá-las.
Então apenas escreva, Felipe.

Pois é, querida, a insanidade já me atingiu. Apesar de que isso não lhe é novidade, uma vez que só minhas besteiras, bobeiras e palhaçadas te arrancam aquele sorriso largo que você tanto teima em esconder. Puxo sua mão para vê-la sorrir, só porque você não sabe que eu podia amar esse sorriso tanto quanto você o quisesse, mas se por acaso, eu estiver errado, não se esconda entre as nuvens, elas embaçam a sua luz e minhas noites sombrias me afogam como se voltassem a todo vapor.

Não lembro de como começou. Depois de perder a maioria dos motivos de continuar indo e vindo, assim, seu sorriso largo e seus cachos emaranhados espantaram meus fantasmas como se a pureza e felicidade que eles me passam se tornasse suficente para acalmar meu espírito assim, num piscar de olhos. E então as coisas ganharam luz novamente. Porque, como a lua, você passou a refletir a luz do sol e iluminar novamente dias ensolarados nas minhas noites intermináveis. E eu amo a lua. Imagina eu sem a minha lua particular? Nem todas as estrelas, cruzeiros e escorpiões, muito menos as constelações, Sirius e Antares me confortariam pela perda do meu satélite invertido, satélite que me atrai para orbitar ao seu entorno.

Fique bem, brilhe linda, sorria sempre e me ganhe mais.

Eu começo esse texto pelo final, e como o Felipe que vos escrever tão longe está do final desta história, começo pelo que imagino ser o futuro que me espera no fim deste caminho. Começo então pela escolha. Sendo sincero e sensato (se é que é possível ser ainda mais) esta escolha nunca deveria existir. Ainda sendo sensato, imagine-se como uma criança. Uma criança que adora uvas, mas que não sabe que uvas tem caroço e que não se deve comer uma por inteiro, pois o caroço tem um gosto azedo. Contudo, depois que seu avô lhe ensinara, o menino já não sabe mais o que escolher no lanche. O morango o fazia tão bem, e não tinha nenhuma contraindicação, o menino queria preferir a tal fruta vermelha. A uva, por outro lado, o fez talvez até melhor, mas é tão mais difícil com ela.

A única diferença entre você e ela, é que, enquanto você não souber desse meu romance secreto, eu posso me aventurar a te abraçar, a te fazer sorrir e a segurar sua mão. Por que? Ué, não faço ideia. É que um passo em falso ou precipitado e algumas palavras mal interpretadas fariam tudo ir por água abaxo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário