segunda-feira, 16 de maio de 2011

Cicatrizes

Estou aqui, sentada na minha cama, escrevendo em uma folha de caderno. Confesso que estou cansada, afinal segundas feiras são sempre cansativas, ainda mais quando se tem muitas aulas de matemática. Minha irmã está no computador fazendo trabalho, e eu deveria estar fazendo meu dever de física, mas não acho possível me concentrar quando tenho 1000000 de pensamentos me atormentando. Alguém, cujo nome eu não me lembro, disse uma vez: “A melhor maneira de se esquecer uma mulher é transformá-la em literatura”. Pois bem, eu não quero esquecer de mulher nenhuma, por isso vai aqui a minha frase: “Pensamentos te atormentam? Coloque-os no papel!” Enquanto tento organizar as idéias reparo que minhas unhas estão da cor das linhas dessa folha. Azuis. Como diz a Regina Spektor: “Blue...The most human color”. Coloquei um dos meus Cd’s favoritos para tocar (a trilha Sonora de 500 dias com ela) e isso me faz voltar para o assunto que me impulsionou a escrever este texto.

Eu me acho uma pessoa um tanto quanto fria, mas isso só acontece às vezes, até porque poucas pessoas são tão passionais como eu. E não pense que eu acho isso uma virtude. Não mesmo. E é por isso que eu acho que o Dr. Spock talvez seja o ser mais satisfeito do universo, afinal não ter sentimentos deve poupar muito sofrimento. Enfim, eu disse que me acho fria de vez em quando porque eu não consigo entender bem como uma pessoa pode ter tanto efeito sobre outra. Não é engraçado, é apenas estranho. Talvez eu não entenda, porque, eu me poupo, ou por que logo no início de uma relação eu já me proponho a não sofrer caso algo dê errado. O mais estranho é que eu sempre me jogo de cabeça em todos os relacionamentos, sempre sinto tudo de forma muito intensa. Mas apesar de tudo eu nunca sofri muito com os términos. Chorar? Ôh, como chorei! Mas foi só isso, um choro para lavar o corpo de dentro para fora e prepará-lo para outra relação. Sempre esperando que seja melhor que última. Mas me afetar? Sofrer a ponto de não ser mais eu mesma? Nunca! Acho que fui melhorando a cada decepção, me tornando mais gente, mais esperta, até mesmo mais corajosa.

Essa semana eu assisti a vários filmes românticos e eu vejo como me identifico com alguns personagens, e esses são sempre aqueles que saem juntando os cacos, seus e dos outros, tentando se reconstruir e ajudar os outros a fazer o mesmo. Afinal de contas a vida é assim, ela deve ser vivida, não importa quantas decepções tivemos ou quantas teremos. Sempre que nos reconstruímos estamos sujeitos a outra batida, que nos fará quebrar novamente, mas mais uma vez cataremos os pedacinhos e os colaremos, na esperança de que não se rompam, mesmo sabendo que pode acontecer de novo e mais uma vez. “Vamos viver o que há para viver”(Cazuza) afinal “É a vida, é bonita, é bonita”(Gonzaguinha) e mesmo que soframos “a gente não pode perder o interesse pelas coisas: Há muitos lugares para serem vistos, muitas pessoas para serem conhecidas” (Caio de Abreu). E carregaremos as cicatrizes da vida, dos amores perdidos, dos afastamentos, das várias vezes que nos quebramos, com alegria, sorrindo ao olhá-las. “Temos de ver as cicatrizes como algo belo. Combinado? Este vai ser nosso segredo(...) Uma cicatriz significa: Eu sobrevivi!” (Caio de Abreu).

Sobrevivemos! E vivemos na espera do novo. E bem, por falar em espera, eu termino por aqui, já que um pequeno dever de física me aguarda em cima da mesa.

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