quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Cão Maior

(...) "amai para entende-las! Pois só quem ama pode ter ouvido capaz de ouvir e de entender estrelas." (William Shakespeare)



— Sentirei sua falta. — disse inconsolável, com a cabeça entre os joelhos.

 "Não vai." — replicou a voz em sua cabeça.

 — Ela se foi. Não poderei mais te ouvir. — a emoção escorria-lhe pelos olhos.

 "Não é tão simples assim, pequeno." — ela insistiu. — "Os brilhos de outras luzes ofuscarão a tua vista, mas você não vai se livrar dos meus assim tão fácil."

— Eu não quero mais ninguém. — retrucou levantando a cabeça triunfante. 

" Por enquanto." — e sumiu.


 (Anos depois)



 — Você está aí? — perguntou a esmo.

 "Sempre."

 — Não senti sua falta. — disse receoso.

 "Entende o porquê?" — perguntou, amistosa.

 — Entendo. Sempre esteve comigo. — esclareceu.

 "Sempre." — respondeu, feliz.

 — Mas coisas mudaram. — disparou.

 "Sim." — sem deixar de parecer feliz. 

— Não sentirei a sua falta. — disse, cabisbaixo mais uma vez.

 "Entendo. De qualquer forma, ainda estarei aqui."

 — Essa é a pior parte. — triste, disse.

 "Até."

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